Há um comportamento no ser humano que me enoja: a subserviência. É uma atitude que expõe seu praticante a uma vergonhosa degradação moral. Não sei se é uma característica inata ou se o subserviente adquire esse desvio de conduta à medida que vai construindo sua personalidade amoral.
O fato é que a subserviência é tida por muitos como fator importante para sobrevivência em qualquer dos campos de atividade humana. O servilismo é seu modo de se fazer visto e considerado pela autoridade superior. E não faz isso por que se sente obrigado a fazê-lo, faz voluntariamente, como se fosse uma vocação, um dom. Normalmente são pessoas frustradas, incapacitadas profissionalmente e desprovidas de qualquer senso do que seja moralmente correto.
Encontramos essas figuras em todos os ambientes que frequentamos. Eles se destacam com facilidade, porque se curvam exageradamente às conveniências de alguém que lhe é superior, mesmo contrariando seus próprios interesses. Só falam o que o chefe deseja ouvir, com receio de desagradá-lo. Não têm isenção, porque não se dão ao direito sequer de pensar. Admitem, sem discussão, os conceitos emitidos pelos personagens a quem se colocam como subalternos. Procuram adivinhar os desejos, na ânsia de atendê-los antes de quaisquer outros.
A subserviência é apontada como bajulação, puxa-saquismo, condescendência. Sua ação estimula à intriga, as fofocas, a falsidade, tudo no intuito de alcançar benefícios.
O que é profundamente lamentável é que existem pessoas que adoram os bajuladores. Através deles se sentem competentes, verdadeiros prodígios. Gostam de se enganar com o elogio fácil, mesmo reconhecendo ser falso. Não conseguem crescer por mérito próprio, por isso precisam do concurso dos aduladores.
Gazeta de Caaporã
Rui Leitão