Roger Pinto estava asilado havia um ano na Embaixada em La Paz. Ele foi trazido para o Brasil em carro oficial, segundo senador do PMDB.
O Ministério das Relações Exteriores informou por meio de nota divulgada neste domingo (25) que abrirá inquérito para apurar as circunstâncias da transferência para o Brasil do senador senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado havia mais de um ano na embaixada brasileira em La Paz.
Pinto desembarcou à 1h10 deste domingo no aeroporto de Brasília, acompanhado do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Durante o tempo em que permaneceu na embaixada (território brasileiro), Molina não saiu porque não tinha salvo-conduto, ou seja, autorização para circular pelo território boliviano.
Opositor do governo do presidente Evo Morales, o senador foi condenado a um ano de prisão na Bolívia, por suposto envolvimento em corrupção. Em junho, dez dias depois de se abrigar na embaixada brasileira em La Paz, o governo brasileiro concedeu asilo ao senador, que se diz vítima de perseguição política do governo boliviano.
De acordo com o senador Ricardo Ferraço, para deixar a Bolívia, Pinto utilizou carro da embaixada brasileira, acompanhado de fuzileiros navais. Ao chegar a Corumbá, foi recebido por agentes da Polícia Federal e embarcou em avião particular de familiares de Ferraço até Brasília, onde vai ficar no apartamento do senador brasileiro. Segundo Ferraço, a organização para a transferência de Molina foi feita "em conjunto" entre as autoridades brasileiras.
No sábado (24), a ministra boliviana da Comunicação, Amanda Dávila, disse que se Molina não estivesse mais na Bolívia, ele deixaria de ter status de refugiado e passaria a ser considerado "foragido da Justiça, sujeito à extradição".
Em junho, a Advocacia Geral da União (AGU) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda deve julgar o caso, parecer em que se manifestou contrariamente à hipótese de se conceder um carro diplomático brasileiro para Roger Pinto Molina deixar a Bolívia, conforme solicitou advogado do senador boliviano.
"Se o governo brasileiro propiciar ao paciente o veículo requerido para que possa sair da Bolívia, estaríamos violando a ordem internacional, descumprindo decisões judiciais de tribunais bolivianos, que já decidiram que o paciente não pode deixar o país", diz o texto do parecer da AGU.
Para Ricardo Ferraço, Molina é "refugiado" e não "foragido". “Ele não é foragido. Ele foi recepcionado em Corumbá, adotou todos os procedimentos. O governo brasileiro já tinha concedido asilo político antes do salvo-conduto. Ele está acolhido no Brasil como refugiado, como perseguido político”, disse Ferraço.
Na nota divulgada neste domingo, o Itamaraty informou que tomará "as medidas administrativas e disciplinares cabíveis" em relação à transferência do senador boliviano para o Brasil. Segundo a nota, o encarregado de negócios do Brasil em La Paz, ministro Eduardo Saboia, foi chamado a Brasília para da explicações.
Leia abaixo a íntegra da nota:
Ingresso do Senador Roger Pinto Molina em território brasileiro

O Ministério está reunindo elementos acerca das circunstâncias em que se verificou a saída do Senador boliviano da Embaixada brasileira e de sua entrada em território nacional. O Encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, Ministro Eduardo Saboia, está sendo chamado a Brasília para esclarecimentos.
O Ministério das Relações Exteriores abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis.
Gazeta de Caaporã - O seu Jornal Eletrônico Diário!
G1
