Com o pacto de partilha do Médio Oriente (segundo o Mandato Sykes-Picot, no pós 1ª Grande Guerra) ainda tacitamente em vigor no entender das potências Ocidentais neocolonialistas, a França ameaça com uma ação de força na Síria em conjunto com a “comunidade internacional”. Nos Estados Unidos Barack Obama deu instruções aos serviços de info-espionagem que reúnam dados, com urgência, sobre o ataque com armas químicas e preparam um possível ataque com misseis contra as as forças regulares do governo Sírio (CBS-News).
Isto faz sentido? com as forças militares regulares do regime de Bashar al-Assad numa clara posição de superioridade a remeter os “rebeldes” para uma posição de desespero, que sentido têm ataques “com armas químicas” na região de Damasco face aos recentes sucessos militares do Governo e qual o sentido destes serem levados a cabo mesmo nas barbas da missão da ONU?
Em boa verdade os combatentes “rebeldes Sirios”, que englobam mercenários das mais diversas nacionalidades, foram formados na Jordânia pelos EUA (fonte).
Os Estados Unidos apoiaram este plano para lançar um ataque de armas químicas sobre a Síria e culpar o regime de al-Assad (fonte). E os materiais "informativos" de propaganda que envolvem a Síria em ataque químico foram preparados antes do acontecimento ter ocorrido (fonte).
Trata-se, evidentemente, da mesma táctica combinada de soft-hard power imperialista que tem sido aplicada às “primaveras árabes” (sem esquecer a agressão ao Iraque) – primeiro cria-se o problema (a pertença ao “eixo-do-mal), secundo inventa-se um pretexto (as famigeradas armas de destruição massiva) e terceiro, apresenta-se uma solução (a invasão militar).
Feitas em nome de “ideais humanitários” como habitualmente, ao intervir para parar um suposto mal, está-se a criar um mal ainda maior no futuro - mas esse é um problema do qual o agressor não tem de dar contas a ninguém – o ter causado mais mortes do que aquelas que propagandisticamente se quis impedir. No caso da Síria, cujos aliados são a Rússia e o Irã, os efeitos podem ser ainda mais funestos, com a transformação da agressão num conflito militar regional generalizado.
“O Bloco Ocidental quer destruir a República Islâmica do Irão desde a sua fundação em 1979, e para o fazer na conjuntura atual, necessita de derrubar o regime de al-Assad na Síria primeiro. Se o regime de Bashar al-Assad cair, a via de comunicação e transporte entre o Hezbollah e o Irão será cortado. O espaço aéreo Sírio, com a criação de uma zona de exclusão aérea, poderá ser utilizado por Israel para facilitar uma invasão militar ao Irão que o Estado Sionista tanto defende.
Resumindo, uma mudança de regime na Síria e a instalação de um regime mais amigável às aspirações do Bloco Ocidental é um passo fundamental para restabelecer a hegemonia Ocidental na região e para continuar a política de guerra total contra o Islã” conforme em tempo foi definida por Samuel Huntington através da encomenda por Washington da célebre estratégia do "Choque de Civilizações".
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